Uma mudança na regulamentação do setor de segurança privada, além da aproximação da Copa do Mundo, no ano que vem, e dos Jogos Olímpicos, em 2016, já fazem do Brasil o melhor mercado de segurança da América Latina. No ano passado, o setor movimento R$ 20 bilhões, mas estudos já preveem um crescimento de 16% desse mercado nos próximos três anos, principalmente na demanda por equipamentos e serviços de segurança eletrônica. Com isso, empresas especializadas no setor deverão aumentar 44% a participação no mercado. A aprovação do Estatuto da Segurança, prevista para este ano, deverá inibir a atividade ilegal no ramo -o que hoje causa um prejuízo de R$ 8 bilhões aos cofres públicos. "No Brasil, existem duas empresas irregulares para cada legalizada no setor de segurança privada. Só em São Paulo são mais de mil as clandestinas. Isso nos prejudica, porque fica impossível competir com o preço de alguém que não tem despesa com impostos ou benefícios trabalhistas", explica o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo (Sesvesp), João Palhuca, em entrevista ao DCI. O Projeto de Lei ainda passa por análise do Ministério da Justiça, antes de seguir para o Legislativo, e deverá dar condições à Polícia Federal de inibir o funcionamento de empresas clandestinas. "A legislação que rege o setor tem 30 anos e não foi atualizada nenhuma vez. Hoje, a fiscalização da Polícia Federal é frágil, mas com a aprovação do Estatuto estão previstas sanções para empresas que explorarem serviço ilegalmente, para profissionais que exerçam a função sem vínculo com empresas legalizadas e até para os contratantes", explica Palhuca. Além disso, os empresários também miram negócios posteriores aos grandes eventos. "Entendemos que a demanda da Copa é sazonal, mas estamos nos preparando para fazer um ótimo trabalho e pretendemos que a contratação de empresas privadas de segurança se torne um hábito do poder público para jogos do Campeonato Brasileiro, por exemplo", reivindica Palhuca. Segundo o Sesvesp, em São Paulo, pelo menos oito empresas devem ser contratadas para realizar a segurança nos estádios em dias de grandes jogos. Investimento estrangeiro Reflexo desse crescimento no País é a chegada da multinacional francesa Velorus International, que oferece serviços não só de segurança patrimonial, como também de gerenciamento de riscos e de consultoria nessa área. Instalada no Brasil há cerca de um ano, a empresa comemora um desempenho acima das expectativas, com um faturamento de mais de US$ 2 milhões. "Prevíamos lucro apenas a partir do terceiro ano da instalação, porque é um mercado difícil, mas nós tivemos um desempenho 5 vezes superior ao previsto para o primeiro ano e já pudemos lucrar", comemora o sócio-diretor da empresa , Laurent Serafini, em entrevista ao DCI. Com o bom desempenho inicial, o sócio-diretor da Velorus estima que o investimento da multinacional para vir ao Brasil - no valor de 300 mil euros - correspondente a mais de R$ 800 mil - seja pago em no máximo três anos. "Isso acontece porque agora, apesar da arrecadação superior, ainda temos alguns gastos um pouco mais altos, com a contratação do pessoal e o investimento em estrutura", explica. "Mas a tendência é que essas despesas diminuam daqui para a frente, e os lucros aumentem." Serafini projeta crescimento de ao menos 30% em 2013, em clientela e faturamento. Sua projeção da movimentação financeira do setor de segurança privada no Brasil, até 2026, é de US$ 460 milhões. Mercado Quando se trata de segurança patrimonial, o relatório on-line do Mercado da Segurança no Brasil 2012, da Associação da Indústria de Segurança (Security Industry Association) apontou que o mercado de equipamentos de segurança eletrônica no País totalizou US$ 592 milhões em 2011, valor que deverá aumentar para US$ 1,8 bilhão até 2017, com a compra de equipamentos de vigilância por vídeo, controle de acesso, alarmes de intrusão e vigilância de artigos eletrônicos. Devido à maior concentração de empresas em São Paulo (cerca de 500 estabelecimentos), o estado gera aproximadamente 167 mil empregos. Em todo o País, são cerca de 1500 empresas, responsáveis por 540 mil vagas. Os números, apenas no estado de São Paulo, são maiores do que os das Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul. As maior empresas do setor, porém, com mais de mil vigilantes correspondem a cerca de 8% do total , mas empregam quase 70% dos vigilantes. As cinco maiores empregam 25% e, se considerarmos as 10 maiores, esse percentual sobe para 40% . Já as de pequeno porte, com menos de 51 empregados, têm pouco mais de 2% dos profissionais de segurança privada.
Fonte: Jornal DCI, Serviços/SP – 31/01/2013.